quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A memória e a Historiografia com Capistrano de Abreu

Em meio ao pensamento histórico positivista, com seu ideal nacionalista influenciando por demasia a escrita da história, tendo como norte a própria idéia de elevação das personalidades e fatos politicos, a nível de Brasil representada pelo Instituto de História e Geografia Brasileira, o IHGB. Marcada por seu modo de pensar tradicionalista, esse momento (última metade do séc. XIX e primeira do séc XX) vemos surgir uma figura que mesmo sem deixar de lado esse ideal positivista e nacionalista (ao contrário, este se mostra um ferrenho defensor do ideal nacionalista) se torna através de sua enorme excentricidade, o que para muitos parecia com relaxamento, preguiça, enfim, uma mente representativa. Poliglota autodidata e historiador , nota-se grandiosamente caracteristicas de vanguarda na historiografia de Capistrano de Abreu, esse que mesmo sem a influência do Marxismo e de sua análise econômica, traz para perto da História elementos novos não somente a política ou a econômia, mas também a cultura, a geografia, o jornalismo, a memória, enfim, elementos em sua maior parte relativos a mentalidade dos que fazem a história.


Capistrano de Abreu, considerado um “polígrafo” por muitos, dado a entender que este mantinha um conhecimento e foco de envolvimento nos mais variados campos de estudos humanos. Assim podia aproximar essas áreas umas das outras. História, Geografia, Etnografia, Jornalismo, Filologia, Antropogeografia, Crítica e Filosofia da História, “Sociologia”, Geologia, Arqueologia, Antropologia, Paleon-tologia, Artes, Econômia e Política, dessa forma, Capistrano pôde, mesmo sem frequentar a “chatissima” escola Alemã e seus “Hegelianismos”, ou mesmo qualquer outro pensamento europeu[1] , através da busca do laço causal entre os animais e os vegetais, o meio e o individuo, ações e reações diversas e assim contribuir significantemente para os estudos antropogeográficos e históriograficos do Brasil.


Em Capítulos de História Colonial, Capistrano de Abreu praticamente lançou um manifesto de uma nova visão historiografica em seu tempo. Essa hitória “Capistranista”, amalgamando o método cientifico tradicional com a análise filosófica, como não poderia deiar de ser (como toda fórmula “revolucionária”), sofreu diversas e duras críticas devido a sua apresentação. Ao invés de mostrar uma narrativa longa e rebuscada, dividida em uma “estante” de volumes, como era de preferência da “sociedade intelectual” da época, preferiu apresentá-las através de uma narrativa leve, singela, direta e sem necessitar de recuros de notas explicativas. Essa forma foi realmente um ataque a que podemos chamar “norma da prosa”.


As características da Historiografia de Capistrano de Abreu podem ser descritas como uma “História Nova”, moderna, filosofica, vanguardista, positivista/nacionalista renovada, uma História de aproximação, da história com o objeto estudado, do objeto à mente e da mente ao estudioso.


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[1] É lógico que devemos considerar que os cearenses, de modo geral, são frutos de pensamentos europeus distintos – pensamento português, judaico sefardita, holandês e árabe/mouro – com o pensamento dos nativos cearenses - Potiguares, Tabajaras, Kariús, Tremenbés, dentre outros.

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