terça-feira, 21 de julho de 2009

Contradizendo “O Código”

A obra do romancista Dan Brown, O Código Da Vince, é sem sombra de dúvidas uma obra memorável e desafiadora.
D. Brown conseguiu levantar a ira do vaticano e da sociedade conservadora Cristã (Protestantes, Pentecostais, Ortodoxos, etc.) e alcançar um incrível numero de vendas, alcançando o status de “bestseller”. Porém, apesar disto tudo, a obra traz muitas interpretações equivocadas de conceitos essenciais no livro (e filme).
De fato “O Código Da Vince” é uma obra de ficção e como tal devemos encara-la, mas como apresenta também muita curiosidade histórica (ou não) legitima , tais como os códigos das obras, a divina proporção, o conceito de “sagrado feminino”, dentre outros, seria muito importante esclarecermos (humildemente) alguns fatos e conceitos.
Dan Brown “defende” que a figura pagã do “sagrado feminino” bem como a “teologia” pagã fora destruída ao advento do cristianismo e de um pensamento “judaico-cristão” (que não existe) e que durante a História a deusa Mãe (representada na obra pela figura de Maria Madalena) fora ocultada pelos seguidores do deus Pai (representado pela figura de Jesus, filho e encarnação do deus pai) e que esta união (masculino-feminino) representaria a verdade inicial, e que esta fora defendida por ordens religiosas dentro da Igreja (os Cavaleiros Templários) e continuada por uma suposta fraternidade chamada “O Priorado de Sião”, e que estes teriam como objetivo defender e guardar a tumba de Madalena bem como sua linhagem sanguínea com Jesus.
O que Dan Brown não fora afundo em sua pesquisa tentarei contesta-lo aqui.

O paganismo não fora destruído com o advento do Cristianismo.
Yeshua (ישוע), ou Jesus, sem dúvida nenhuma era judeu, pois nascera em Belém na Judéia, portanto tinha cidadania judaica e seguia a “religião” judaica. Fora criada em Nazaré, na província da Galiléia. Seus primeiros discípulos eram judeus e seu credo inicialmente era o mesmo credo judaico.



“Um mestre da Lei (...) perguntou-lhe: ‘De todos os mandamentos, qual é o mais importantes?’ Esclareceu Jesus: (...) ‘Ouve ó Israel, o Senhor nosso D’us é UM só.’” (S. Marcos 12: 28,29)





Esse credo defendido por Jesus é mais conhecido por Shemá (do original hebraico “Shemá Yisrael., Adonai Eloheinu, Adonai Echad”) ainda proclamado pelos judeus nos dias de hoje.
Acontece que os pais da Igreja eram judeus helenizados, ou seja, eram judeus “monoteístas” influenciados pelo paganismo e pela filosofia pagã.
Mashiach משיח (messias) significa “Ungido” e faz referencia a um profeta ou rei (como fora Samuel e David) homen, nascido de mãe e pai, mas ungido por D’us, e não a um deus encarnado como os cristãos associam.
O mito de Mitra (deus pagão persa, que segundo conta-se encarnara-se em um homem, fora morto pelos seus e ressuscitado ao terceiro dia) era muito popular no mundo helênico, e era a esse deus que os helenistas esperavam, daí o motivo de terem saído mais seguidores cristãos dos goim (gentios) do que dos judeus.
O que os apóstolos helenistas fizeram foi simplesmente um reconstrução do mito de Mitra com a vida de Yeshua Ben Yossef ( Josué filho de José, também chamado Jesus de Nazaré).

● O credo cristão acerca de Yeshua Bem Yossef já é um credo pagão.
Os antigos astrólogos pagãos acreditavam que naquele período estariam entrando em uma “nova” era , através de um fenômeno maravilhosos. Essa era astrológica era chamada Era de Peixes.
A palavra peixe em grego é ICHTHUS (Ιχθυς) e representa o credo cristão em um jogo de iniciais.

IIesous (Jesus) Ιησους
CHCHristos (Cristo, Messias ou ungido) Χριστός
THUTheos Uios (Deus Filho) Θεός ύιός
SSõter (Salvador) Σοτερ

O credo cristão é basicamente um credo pagão, isto é, o credo de que a pessoa Jesus é o Cristo, filho de Deus e pessoa da trindade divina e único salvador é a mesma crença pagã da nova era, ou da era de peixes.

● A questão de Madalena e os Apócrifos do Novo Testamento.
Maria Madalena, assim como Jesus, era uma judia. Segundo o chamado “Evangelho de Jesus, o vivo”, supostamente atribuído a Tomé, o gêmeo, de cunho gsnótico e datado do primeiro século da era cristã (ou peixes, como preferir) termina atribuindo a ela a missão de continuar a igreja (comunidade) de Jesus.
Maria Madalena desaparece nos registros históricos no Novo Testamento, só é citado nos evangelhos e esquecida nas epistolas e atos, não se sabe exatamente o que aconteceu com ela.
Há várias capelas e igrejas no sul da França que em sua arte demonstram um maior valor pela pessoa de Madalena. Há também uma crendice baseada nos apócrifos de que ela teria fugido com o corpo de Jesus para a França. Esta tese afirmaria o que os judeus diziam sobre o “desaparecimento” do corpo de Jesus. Segundo eles, alguns discípulos teriam roubado seu corpo. De fato é bem provável, e refutando o que Agostinho defendia, devemos lembrar que o túmulo era originalmente de José de Arimatéia, o que permitiria a ele transitar livremente e dar ordens aos guardas sobre seus postos.
O mais provável, porém, é que Maria Madalena tenha fugido para o exílio depois da “intifada” contra o domínio Romano em 60 d.C. E seu proselitismo deve ter acabado juntamente com o proselitismo dos cristãos judaizantes condenados desde o concilio de Jerusalém, tendo Paulo como seu principal opositor.
Sendo Madalena uma judia, talvez cristã judaizante, após sua morte provavelmente tenha sido enterrada em um tumulo judaico no exílio sobre uma pedra e não um tumulo cristão-romano como “O Código Da Vince” aponta.
O apócrifo de Madalena não é de nenhuma forma aceitável, nem no cânon cristão nem como fonte histórica, a não ser que para comprovar os dois milênios de distorções e farsas históricas e teológica da igreja Romana.
Sendo judia, madalena não teria nenhuma necessidade de se devotar a uma imagem política de um deus pagão (seja mãe ou pai).

“Não fareis para ti imagens de semelhança(...)”

Esse mandamento de modo algum se refere, APENAS, a criação de imagens físicas, estatuas, mas também a imagens mentais. É uma recomendação a contemplar HaShem nem como homem (ou pai) nem como mulher (ou mãe), mas sim como “QUEM É” (YHWH).
Por Ronald Marçal.
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Notas:

Apócrifos: do grego, significa oculto, não por quererem esconder algo, mas por representarem ensinos ocultos, esotéricos, liberado apenas a poucos iniciados. Muitos foram aceitos pela Igreja Romana com este propósito, e deles se embasam vários credos católicos, como o da ascensão de Maria. Não foram aceitos como canônicos ou litúrgicos por serem em sua maioria pseudo-epígrafos e por conterem erros de data, de eventos, e por fugirem do credo de “peixes”. Os apocrifos do "Antigo Testamento" são basicamente escritos fora do canon hebraico, muitos foram aceitos no Canon catolico e cristão Ortodoxo (livros como Judite, Tobias, I e II Macabeus, dentre outros) por estes fazerem parte da coleção da versão grega dos setenta.

Pseudo-epígrafos: ou Falsos Escritos, são geralmente escritos medievais ou dos três primeiros séculos da era cristã, escritos por leigos ou sacerdotes católicos e associados em seu titulo a outros atores, como por exemplo o “Evangelho de Barnabé” e o “Evangelho de Maria Madalena” .

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